Veículos elétricos pressionarão rede de postos, aponta estudo do BCG

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Empresas precisarão investir em tecnologia e serviços ao consumidor para enfrentar o crescente avanço da mobilidade elétrica caso queiram se manter no mercado

DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP)

O avanço dos veículos elétricos, da mobilidade elétrica e veículos autônomos pode trazer um problema para uma atividade da economia, os postos de combustível. O assunto é o tema de um estudo do Boston Consulting Group. Publicado em julho, o estudo intitulado Há Futuro para os Postos de Serviços? (na tradução livre do original em inglês Is There a Future for Service Stations?) chegou às constatações de que caso não passem por um amplo processo de transformação – o que inclui esforços em big data, inteligência artificial, robótica e automação, entre outras tecnologias digitais –, até 80% das redes de combustíveis poderão se tornar deficitárias em 15 anos.
Foram desenhados cenários distintos para o horizonte de 2035. No mais conservador, em que os veículos movidos a combustíveis de origem fóssil representem de 90% a 95% do mercado, a estimativa é de que 25% a 30% das redes estariam ameaçadas. Já em um cenário em que veículos elétricos tenham presença de 70% a 80% da frota em circulação, o impacto atingiria de 60% a 80% das redes. O estudo apontou que duas forças estão direcionando a expansão dos VEs, o primeiro é a regulação que limita a emissão de gases de efeito estufa que atinge diretamente a indústria automotiva, principalmente na Europa. A segunda é a tecnologia com a queda dos preços das baterias.
A urgência de novos modelos de mobilidade, destaca vem ainda da perspectiva de que algo próximo a dois terços da população global estará vivendo em cidades até 2030. E assim, a avaliação é de que novos modelos de negócios digitais serão críticos para garantir a eficiência da mobilidade urbana.
Na avaliação dos autores do estudo, o impacto será causado pela perda de suas tradicionais fontes de receita. Além da evidente queda do consumo de combustíveis, negócios paralelos, como lojas de conveniência, também serão afetados. Em decorrência da tendência de maior uso dos veículos elétricos em cidades e abastecimento ser realizado em casa, os postos urbanos deverão sentir mais rapidamente os efeitos da mudança. Nas redes localizadas em rodovias a perspectiva é de que a vida seja mais longa, isso porque a eletrificação de veículos pesados deve levar mais tempo para se estabelecer. Além disso, mesmo os condutores de veículos elétricos de passeio devem continuar fazendo as suas paradas para recarga durante viagens por rodovias.
Mas há saída para a sobrevivência das empresas do setor. O estudo lista entre elas o maior foco no consumidor ao invés de oferecer serviços aos veículos. O objetivo, ressalta o BCG, é que os clientes visitem as estações de serviço porque querem e não porque precisam. E para chegar nessa condição o caminho passa por melhorar a experiência de abastecimento. “As redes poderão usar tecnologia digital para aprimorar programas de fidelidade e soluções de pagamento. Esses serviços permitirão colhimento de informações de hábitos de consumidores que permitirão a oferta de serviços personalizados”, destacou. E além disso, melhorar a atratividade das lojas de conveniência.
Outra saída, obviamente, é a de investir em infraestrutura para veículos elétricos. Entre esses serviços podem ser incluídos a oferta de recargas rápidas de baterias, a criação de plataformas que orientem os condutores sobre necessidade de manutenção dos veículos, entre outras ofertas. Nesse caso a construção da infraestrutura poderia ser feita via parceria com as utilities para investir na criação de sistemas avançados de distribuição de energia.