O Rio Grande do Norte deverá disputar, no próximo leilão de Energia Nova A-4 anunciado pelo Ministério de Minas e Energia para o dia 28 de junho, com a segunda maior oferta de energia renovável entre os Estados nordestinos. Foram cadastrados 305 projetos, com oferta de 10,5 GW (energia suficiente para alimentar pelo menos dois Estados nordestinos) nas fontes eólica e fotovoltaica. O maior número de empreendimentos cadastrados ficou com a Bahia (456 – entre eólica, fotovoltaica, PCH e termelétrica a biomassa) com oferta total de 14 GW.
Em média, por megawatt contratado, o valor de referência varia entre R$ 3 milhões e R$ 3,2 milhões. Caso o Rio Grande do Norte contrate 1 GW receberá investimentos da ordem de R$ 3,2 bilhões. O valor real, porém, só será conhecido ao final do leilão. Os projetos que serão habilitados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e que efetivamente irá concorrer, porém, só deverá ser divulgado às vésperas do leilão. Historicamente, o quantitativo contratado pelo Governo Federal gira em torno de 2 GW. “O valor ofertado pelo Rio Grande do Norte nos projetos cadastrado extrapola o que o Estado necessita para consumo. Apenas uma fração disso sairá vencedora do leilão”, avalia o diretor-presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne), Darlan Santos.
Para o leilão em referência, ele destaca que o RN chega competitivo em relação aos demais Estados nordestinos por apresentar características diferenciadas para a geração não somente de energia eólica, mas também pela solar. “O RN chega competitivo porque o nosso recurso eólico é diferenciado, muito favorável aos projetos. O único problema que nós tínhamos era o de conexão, mas com a abertura de margem, ele tecnicamente desaparece”, ressalta Darlan Santos. Em nota técnica de maio deste ano, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) oficializou a alteração da metodologia da capacidade remanescente para escoamento da geração de energia, que abriu margem para o Rio Grande do Norte.
Para o leilão, as empresas que operam ou que estão interessadas em se instalar no Estado para explorar parques eólicos apresentaram 181 projetos com oferta de 5,8 GW. Em relação aos empreendimentos fotovoltaicos, os cadastrados somam 124 com oferta de 4,6 GW. A Bahia, líder em projetos cadastrados para o certame tem 260 na fonte eólica (7,7 GW) e outros 193 na geração fotovoltaica (6,1 GW).
Mesmo com um maior número de projetos em relação ao Rio Grande do Norte, a Bahia não deverá ultrapassar, num curto intervalo de tempo, os números de geração e potência instalada na fonte eólica no Estado potiguar. “Naturalmente, a Bahia irá ultrapassar o Rio Grande do Norte por causa da dimensão territorial, geográfica. Mas não será rápido e isso não é demérito para o RN”, argumenta Darlan Santos. Ele destaca, ainda, que a energia fotovoltaica deverá apresentar bons resultados no Estado nesse leilão e nos próximos, por se tratar de empreendimentos que demandam menos tempo para instalação e início das operações.
“Houve um incremento exponencial. Nós temos um recurso solar fantástico, com projetos bastante competitivos. Iremos explorar um novo momento com essa matriz”, ressalta o diretor-presidente do Cerne. Ele cita como exemplo que um empreendimento de energia eólica demora até oito anos para sair do papel, pela necessidade de apresentação dos projetos básico e executivo, medição e mais quatro anos a partir da contratação via leilão, por envolverem mega-engenharia. Os relativos à fonte fotovoltaica demandam menor intervalo de tempo, pois englobam engenharia menos complexa e estudos relativamente mais simples.
Fonte:Tribuna do Norte