O sistema de transmissão de energia elétrica do Brasil precisará ter quase 15 mil equipamentos substituídos nos próximos anos, em meio ao envelhecimento das redes, em processo que exigirá intenso planejamento e elevados investimentos, disse à Reuters o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata.
As trocas envolverão transformadores, disjuntores, para-raios, transformadores de corrente e de potencial e outras peças, principalmente em linhas de transmissão operadas por empresas da estatal Eletrobras e da Isa Cteep, que são mais antigas e já tiveram o contrato de concessão renovado pelo governo.
Caso todos os equipamentos sejam trocados, os que já exigem troca imediata e os em final de vida regulatória, os investimentos necessários seriam superiores a 21 bilhões de reais, estimou o ONS.
“Pela localização, é preciso um planejamento feito com bastante cuidado e antecedência”, afirmou Barata, que acrescentou que a preocupação do ONS com o tema já foi levada à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que deverá abrir uma consulta pública para discutir como tratar a questão.
No total, o ONS identificou 14.815 equipamentos que estão chegando ao final do período de vida útil. A demora nas trocas pode aumentar riscos de problemas na operação do sistema, alertou Barata.
“Esse é um tema que agora sensibilizou não só os proprietários, as empresas de transmissão, mas também o operador e o regulador”, disse.
Segundo o diretor-geral do ONS, além do planejamento, é preciso avaliar como será custeado o programa de modernização da rede, dado que ao mesmo tempo é preciso viabilizar investimentos na expansão do sistema.
“A questão é a disputa de recursos para fazer coisa nova e para fazer ‘retrofit’. Isso tem que ser estudado com muito cuidado, porque os recursos são finitos. E, além dos recursos, você não pode desligar o sistema todo para trocar todo mundo, então é outro fator que nos preocupa”.
De acordo com o ONS, há ainda outros 80 mil equipamentos antigos que já chegaram ao final da vida útil regulatória, ou seja, já tiveram seus investimentos depreciados, mas ainda não necessitam de substituição.
Barata disse não ter uma projeção de quanto seria necessário apenas para substituição de equipamentos cuja troca é vista como mais crítica.
“É um número bem menor (que os 21 bilhões), mas ainda assim, pela localização, precisa de um planejamento bastante cuidadoso e com antecedência”, reiterou.
A rede de transmissão de energia elétrica do Brasil, um sistema interligado, soma 141.388 quilômetros em extensão, com previsão de expansão para 185.484 km até 2023.
Fonte: Reuters