De 2011 a 2019, fonte atraiu US$ 31,3 bilhões em investimentos
Com 16 GW de capacidade instalada no país, a fonte eólica deverá chegar em 2024 a 24,2 GW de capacidade instalada, considerando os leilões já realizados e os contratos firmados no mercado livre. O Infovento de 2019, boletim produzido pela Associação Brasileira de Energia Eólica e divulgado nesta segunda-feira, 15 de junho, dia mundial do Vento, mostra que no ano passado foram gerados 55,9 TWh e 9,7% de toda geração injetada no Sistema Interligado Nacional veio da fonte, que desde 2011 já atraiu investimentos de R$ 31,3 bilhões. São 637 parques em 12 estados, somando 7.738 aerogeradores em operação.
Em webinar realizado em alusão a data comemorativa, a presidente executiva da Abeeólica, Élbia Gannoum, salientou que a fonte representa 9,3% da matriz elétrica brasileira, perdendo apenas para a hidrelétrica, com 59,6%. De acordo com ela, a fonte teve um crescimento de 15,5% em 2019, a geração de todas as fontes no Sistema Interligado Nacional cresceu 1,5%. O avanço que a fonte vem obtendo no mercado livre teve destaque no webinar. Dos 24,4 GW em 2024, 8,2 GW deles serão destinados ao ACL. Em 2018, foram contratados 1,9 GW para o mercado livre, enquanto em 2019 cresceu para 2,9 GW, suplantando o mercado regulado, que cresceu 1,8 GW. Para ela, esse movimento vem na esteira da modernização do setor elétrico que se apresenta pelo governo.
Ela vê um movimento forte para o ACL esse ano, já que é grande a chance de não haver leilão esse ano. Segundo ela, o modelo do BNDES de financiamento lançado em 2019 tem atraído muitos investimentos. “A energia eólica tem um grande potencial no mercado livre”. Sobre os impactos da pandemia de Covid-19, a executiva lembrou que a própria agência internacional de energia renovável já revelou que os investimentos nas fontes alternativas serão fatores fundamentais para a retomada da economia, “Vão gerar emprego e dinâmica para a atividade econômica, não vão esperar a economia crescer, podem ser ponto de partida para a retomada”, avisa. No ano passado, o fator de capacidade no Brasil ficou em 42,7%, acima da média mundial de 34%.
O CEO do Global Wind Energy Council, Ben Backwell, que também participou do webinar, contou que 2020 seria considerado um ano recorde para a indústria eólica, com mais de 76 GW que seriam instalados. Com a pandemia, a expectativa global agora é de 61,34 GW para este ano. Segundo ele, em 2021, haverá uma grande recuperação do setor em 2021 em virtude desses projetos que seriam implantados em 2020. “Esses projetos não vão desaparecer, vão passar para 2021”, aponta. Com isso, 2021 deverá ter o recorde de 77,7 GW instalados. Outro aspecto que acabou por fazer com que o setor fosse pouco impactado é que o primeiro trimestre do ano é de atividade pouco intensa na China, o maior mercado. Backwell alerta que uma recessão econômica trará impactos sobre os preços de energia e os processos de mudanças de mercado projetados para alguns países também deverão ser motivo de atenção.
O mercado livre também foi foco de Luís Augusto Barroso, CEO da PSR, que participou do evento virtual. Segundo ele, com a expansão do ACL prevista em novo modelo, o ambiente regulado vai ter a participação cada vez mais reduzida. Esse consumidor livre vai ter mais foco no longo prazo, em soluções personalizadas e inovadoras. “Para quem compra ou vende, será fundamental especificar bem o produto que está vendendo”, aponta. Os impactos do preço horário e o fim dos subsídios são consideradas questões chave para a eólica no Brasil na opinião dele. Para Barroso, a estabilidade atual no ambiente é um bom momento para discutir a fonte eólica offshore no país, que já é uma realidade no mundo, ao contrário do Brasil.
Fonte: Agencia Canal Energia