Recursos para a área de Distribuição são maiores do que a soma do aporte destinado a Geração e Transmissão. Ordem do governo é aumentar eficiência, reduzir custos e focar em projetos no estado
Da Agência CanalEnergia
O plano de investimentos da Copel para este ano prevê R$ 1,9 bilhão para início, andamento e conclusão de diversos projetos e obras de melhorias em sua área de concessão, volume inferior aos R$ 2,92 bilhões aplicados ao longo de 2018. Para às áreas de Geração e Transmissão, o volume aportado é de R$ 827 milhões, enquanto que o negócio de Distribuição irá angariar um pouco mais, totalizando R$ 836 milhões. A área de Telecomunicações contará com cerca de 290 milhões e os investimentos para a holding ficará em R$ 13,7 milhões. Por fim, completando o planejamento, R$ 700 mil serão aplicados no negócio Comercialização.
Na Geração é prevista uma adição de 717 MW à capacidade atual de 5.675 MW do parque da empresa, através da entrada em operação da terceira e última turbina da hidrelétrica Colíder (MT) e de Baixo Iguaçu (PR), que já opera com suas três unidades geradoras, somando 350 MW. Com capacidade para gerar 300 MW, suficiente para atender até 850 mil unidades consumidoras, a UHE Colíder funciona atualmente com dois hidrogeradores de 100 MW, com a energia sendo escoada pela linha de transmissão conectada a uma subestação construída pela companhia no município de Cláudia. A linha tem 64 Km de extensão e opera em tensão de 500 mil volts. Ao todo, a usina recebeu um aporte de R$ 2,3 bilhões para sua implementação.
A concessionária também deverá finalizar ainda neste primeiro semestre a instalação de uma nova Pequena Central Hidrelétrica – a PCH Bela Vista, que terá 29 MW de potência instalada no Rio Chopim, entre os municípios de São João e Verê, no sudoeste paranaense. O reservatório vai abranger áreas de Verê e São João, com o canteiro de obras e a casa de força devendo ficar em Verê. A LT que irá conectar a usina à rede de distribuição terá 18 km e passará por Verê e São Jorge D’Oeste até chegar à subestação Dois Vizinhos. A concessão do empreendimento pertence à Sociedade de Propósito Específico (SPE) Bela Vista Geração de Energia S.A. – integrada por Copel GeT (99,9%) e Foz do Chopim Energética (0,1%).
Entre os projetos já comissionados, vale lembrar do Parque Eólico Cutia e Beto Miguel, que colocou a companhia paranaense como principal geradora de energia eólica em operação no Rio Grande do Norte. A planta, que recebeu cerca de R$ 2,1 bilhões para sua construção, tem capacidade de 312 MW, volume que pode atender mais de 800 mil pessoas. O parque faz parte de um conjunto de cinco complexos eólicos construídos pela empresa no estado potiguar: Brisa Potiguar, São Bento, São Miguel do Gostoso e São Bento do Norte são já foram entregues pela companhia, que possui seu parque gerador 93% composto por fontes renováveis.
Já na Transmissão o plano é construir 632 Km de linhas até 2021, a serem somadas a 4.647 Km de LTs já existentes. Outros R$ 107 milhões serão destinados para ampliação e reforço da rede elétrica em diversas regiões do Paraná, num movimento que busca ampliar a capacidade de transmissão para tornar o sistema interligado cada vez mais robusto e estável ao atendimento da demanda energética em todo estado. As obras serão iniciadas neste segundo semestre de 2019 e incluem instalação de novos equipamentos nas subestações Realeza Sul, São Mateus do Sul e Pato Branco e Ponta Grossa Sul, além da LT Londrina – Ibiporã.
Recentemente, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, afirmou que a concessionária de energia será modernizada e seus investimentos serão voltados à melhoria da infraestrutura elétrica e desenvolvimento econômico do Estado, num claro recado de que a empresa não aplicará recursos fora de suas fronteiras como no passado. “Aumentar a eficiência e reduzir custos”, é a orientação do governo.
Nova subsidiária e acordo de cooperação com a Celesc
A companhia paranaense também deve anunciar a criação de uma subsidiária para serviços de energia ainda neste primeiro semestre, em consonância com o crescimento da Geração Distribuída no país e o futuro do negócio da distribuição. “A evolução tecnológica é inexorável no setor e nos próximos anos vai haver uma mudança estrutural grande”, prevê o presidente da empresa, Daniel Slaviero, que também afirmou estar atento a novas oportunidades do mercado na geração e transmissão de energia em 2019, com hidrelétricas e renováveis como fontes escolhidas.
No começo de maio, Slaviero e o presidente da Celesc, Cleicio Poleto Martins, reuniram-se na sede da companhia, em Curitiba para tratar de temas estratégicos e de cooperação para a troca de experiências. Na ocasião, os líderes das estatais do Paraná e de Santa Catarina anunciaram que pretendem unir esforços para os desafios da concessão. “Ambas são empresas públicas e têm o mesmo foco: mantê-las públicas e mais eficientes. Neste sentido, firmaremos um convênio de cooperação para trocarmos experiências para que tenhamos um bloco dessas concessionárias no sul do país”, afirmou Cleicio. Já Slaviero agradeceu à abertura da Celesc para a parceria, confirmando também uma visita à empresa para assinatura do termo de cooperação. “É um grande momento para juntarmos nossos esforços”, comentou o presidente.
Mais Clic Rural
A Copel Distribuição investiu, em 2018, R$ 180 milhões em novas tecnologias e sistemas de automação e comunicação, subestações e obras de melhoria e de reforço na rede para aprimoramento do fornecimento de energia elétrica na área rural do Paraná. Os aportes foram feitos por meio do programa Mais Clic Rural, voltado à modernização da rede no campo. Essas medidas foram direcionadas ao atendimento dos quatro setores mais sensíveis à qualidade do fornecimento de energia no Estado — suinocultores, fumicultores, aviários e produtores de leite — com benefícios a mais de 330 mil unidades consumidoras.
O programa incorpora inovações que são fruto de mais de uma década de testes na operação de redes inteligentes e inclui tecnologias de automação e controle remoto da rede, instalação de medidores inteligentes e projetos de pesquisa e desenvolvimento pioneiros no Brasil. Ipiranga, no Centro-Sul do Estado, tornou-se, em 2018, a primeira cidade do país a ser inteiramente coberta por medidores inteligentes, por exemplo. Já São José dos Pinhais será a segunda neste ano.
Uma das iniciativas do programa está sendo desenvolvida em parceria com Itaipu e envolve as chamadas microgrids, que consistem, basicamente, em uma espécie de “ilha de energia”, na qual a geração, o armazenamento e o consumo podem funcionar conectados ou não à rede de distribuição. Uma tecnologia que tem ganhado corpo, especialmente na Europa e Estados Unidos para auxiliar no funcionamento da rede e funcionar como backup rápido e eficiente em casos de contingência, especialmente em regiões remotas.
No caso desse projeto, a versão piloto está sendo instalada no município de São Miguel do Iguaçu, oeste paranaense, sendo baseada na geração de energia a partir de biodigestores de dejetos de suínos. Assim, o microgrid pretende auxiliar os sistemas isoláveis de geração distribuída reunindo biodigestores de vários criadores em um sistema isolável, que equivale a uma pequena usina descentralizada de biomassa.
No entanto, o principal destaque do Mais Clic Rural é a instalação dos religadores automáticos – equipamento que religa automaticamente, em segundos, o trecho da rede de energia que sofreu algum problema, normalizando o fornecimento se a causa for momentânea, como um galho que encosta na rede em função de vento. Caso o problema seja mais grave, como dano aos componentes da rede, este equipamento isola o trecho afetado, diminuindo significativamente o número de consumidores desligados. Tudo isso sem a necessidade da interferência humana.
Desde 2016 a concessionária já implantou 7.450 religadores automáticos em todo estado e está instalando mais 5.115 neste ano, num investimento total de R$ 134 milhões e que já beneficia 330 mil consumidores rurais. Na comparação de 2018 com 2017, a duração dos desligamentos para estes 330 mil consumidores caiu em 60%. Desde sua implantação, o DEC rural da Copel obteve uma redução de aproximadamente 25%, o que reflete positivamente no indicador total, visto possibilitar a otimização das equipes de atendimento para pronto restabelecimento do sistema elétrico da companhia.
Smart Copel
No ano passado, a Copel instalou medidores inteligentes de energia em todas as 5 mil unidades consumidoras do município de Ipiranga, nos Campos Gerais, sendo o primeiro município brasileiro 100% atendido com esses tipos de medidores, num investimento de R$ 7,9 milhões. Esses equipamentos são monitorados de forma remota pela concessionária, que reúne informações em tempo real e a localização precisa de um problema na rede. Assim, quando há queda de luz, equipes são acionadas de forma imediata e vai para campo com a localização exata de onde houve o desligamento, atendendo o consumidor com mais agilidade. Com o medidor, o consumidor também tem o controle de seu consumo em tempo real, de forma digital, podendo planejar melhor seu consumo conforme a hora do dia, além de poder adequar seus equipamentos e iluminação por sistemas mais econômicos.
A leitura do consumo nas residências também é feita de forma remota e em tempo real, sem a necessidade dos chamados leituristas irem até as casas. Também são medidos os valores das grandezas do fornecimento de energia, como tensão, corrente e potência, garantindo São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, será a segunda cidade do Estado a receber os medidores inteligentes, em 2019.
Este ano a empresa concluiu a centralização de todas as suas unidades de operações e serviços que ficavam no interior do estado, com as equipes concentradas agora no polo Smart Copel, construído no bairro Novo Mundo, em Curitiba. O novo centro integrado aplicará tecnologia para monitorar os medidores de inteligência de todo o estado, estações de recarga de carros elétricos, sistemas de geração distribuída, sensores, religadores automáticos, entre outras tecnologias que começam a despontar na região, como as redes inteligentes de energia.
Em outra frente tecnológica, ao conectar os 399 municípios a um anel óptico com mais de 33 mil quilômetros, o Paraná se tornou o primeiro estado digital do Brasil. Segundo a companhia, a subsidiária Copel Telecom promove “a inclusão digital com uma das melhores e mais rápidas internets do Brasil, provando que é possível atender ao interesse público atuando num ambiente privado”.