Em dez anos, empresa direcionou mais de R$ 23 milhões para melhorias a grupos sociais vizinhos aos seus empreendimentos, através de propostas que geram incremento de renda, capacitação e aumento da qualidade de vida
A chegada de um empreendimento de geração de energia elétrica à uma determinada região, como uma hidrelétrica ou um parque eólico, altera a vida de pessoas, comunidades e ecossistemas. Atenta a este ponto, a Brookfield Energia Renovável reconhece a necessidade de contribuir com o desenvolvimento de populações vizinhas aos seus projetos, buscando proporcionar melhorias nos padrões ambientais e na qualidade de vida das pessoas e locais atingidos.
Essa visão traz a necessidade de se estabelecer um diálogo aberto e transparente com as comunidades nas regiões onde a empresa atua, de forma a procurar entender e atender as expectativas e as restrições que possam vir a ocorrer com determinadas obras. Gustavo Sbrissia, Diretor de Meio Ambiente e Responsabilidade Socioambiental da Brookfield Energia Renovável, afirmou que a empresa busca encontrar soluções para atender a todos os atores envolvidos.
Com um histórico maior de investimentos e operação de ativos em geração hidrelétrica no Brasil, as atividades da companhia se expandiram nos últimos anos para as eólicas. No final de 2017, a empresa passou a operar 14 novos parques localizados na Bahia, que se somaram aos cinco já em atividade desde 2015 no Rio Grande do Norte. Hoje o portfólio da companhia é formado por 65 usinas, sendo 42 hidrelétricas, 19 parques eólicos e quatro centros de cogeração a partir de biomassa.
Diante desse cenário, a empresa trabalhou desde 2011 com 86 iniciativas relacionadas aos seus empreendimentos, espalhados por doze estados brasileiros, além de quatro novas propostas aprovadas na última semana dentro do edital de incentivo da própria instituição. “Há 15 anos apresentamos uma política de responsabilidade social e ambiental, onde um dos pilares é essa consideração atenciosa das expectativas socioeconômicas das partes interessadas”, comentou Gustavo.
Neste sentido, a Brookfield foi pioneira ao utilizar o subcrédito do BNDES para potencializar o desenvolvimento humano através de nove projetos sociais que impactaram diversos segmentos, como incentivo a atividades culturais, áreas de saúde, educação e complementação de renda. Essa modalidade que o banco tem vinculado aos empréstimos prevê que, para valores acima de R$ 100 milhões, 0,5% necessitam ser destinados a projetos sociais.
“Fomos os primeiros a utilizar esse recurso, em um projeto em 2009 para implantação de uma ala geriátrica em um hospital no Rio Grande do Sul, mostrando já nossa preocupação com as demandas de comunidades locais”, contou o diretor.
Além do incentivo vinculado ao Banco, a empresa trabalha atualmente com mais duas linhas de investimentos: projetos estimulados através de leis de incentivo fiscal, como a Lei Rouanet, do Esporte e da Cultura, e o edital próprio da companhia, com a chamada sendo realizada totalmente com recursos da empresa, que, desde 2008, seleciona anualmente projetos para serem desenvolvidos. No total, a empresa declarou ter investido cerca de 1 milhão de reais em editais e ter impactado positivamente na vida de pelo menos 1.500 famílias ao longo de 10 anos de atuação em prol da responsabilidade social e ambiental. Um ponto interessante são as características desses projetos. Em todas as iniciativas, é estimulada a participação local de uma organização sem fins lucrativos, que se engaja na proposta e a conduz em conjunto com a comunidade. O objetivo é identificar oportunidades nas quais pessoas e grupos sociais irão se beneficiar, selecionando propostas que irão gerar incremento de renda e consequentemente aumento da qualidade de vida, sempre respeitando questões como origens, costumes locais e proteção ambiental.
Gustavo Sbrissia explicou que o sucesso de um projeto depende da correta seleção e planejamento do mesmo, e que a ideia é desenvolver planos viáveis e que uma vez implantados, gerem renda, capacitação e formação para essas populações. Uma característica fundamental ressaltada, é que eles sejam sustentáveis após receberem o recurso ou estrutura inicial da empresa. “A ideia é: saímos e vocês andem sozinhos. Somos muito criteriosos na seleção para não virar uma proposta de filantropia”, definiu o diretor.
Segundo a Brookfield Energia, a escolha da iniciativa sempre parte de um diagnóstico com a população local, que participa da decisão dos projetos. A partir da definição de um empreendimento, a equipe de responsabilidade social da instituição vai ao local e identifica as lideranças regionais para conversar e elaborar os pontos de investimentos e melhorias que se tem interesse por parte dos moradores.
“Nossa intenção é levar um projeto que vá gerar agregação de valor aos produtos que já existem lá”, assente Sbrissia, que também destaca a sensação de pertencimento que as comunidades apresentam em conseguir organizar melhor um sistema produtivo e de comercialização. “Nós trabalhamos muito para capacitá-los, a organizar a forma de apresentação de um produto como a embalagem, por exemplo”.
Projeto Agricultura Familiar é destaque no semiárido do RN
Uma das ações sociais da empresa que mais chamaram atenção nos últimos anos é o de Agricultura Familiar – Tecnologia, Capacitação e Empreendedorismo no semiárido do Rio Grande do Norte. O projeto teve início em 2017, através do uso do subcrédito social do BNDES, e consiste em gerar renda para moradores de propriedades vizinhas do Complexo Eólico da Brookfield, formado por cinco parques eólicos – Renascença I, II, II, IV e Ventos de São Miguel, através de capacitações voltadas à competitividade e sustentabilidade para iniciativas rurais na região, do fomento à inovação, do empreendedorismo e da difusão das tecnologias sociais, bem como do incentivo às boas práticas de produção e gestão.
Marcado por longos períodos de seca e de grande dificuldade de sobrevivência, o semiárido potiguar e nordestino tem sido desenvolvido pela instalação desses complexos eólicos, que trazem consigo a geração de empregos, pois utilizam a mão de obra local na etapa de construção e instalação das torres, além de proporcionar um aumento de vendas no comércio local.
Os parques geradores também contribuem com o recolhimento de impostos, ao potencializar o investimento de órgãos municipais em projetos com o objetivo de desenvolver atividades esportivas, educacionais e culturais. Alguns proprietários rurais inclusive recebem recursos pelo arrendamento da área de instalação das torres em suas propriedades.
Executado em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae/RN, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar/RN e o Laboratório Educacional de Tecnologias Sociais e Energias Renováveis – LETS, o programa Agricultura Familiar veio contribuir para o desenvolvimento das comunidades impactadas, munido do pensamento de que o trabalho em conjunto reúne os meios necessários para a convivência com a seca. “A ideia foi dar condições e tecnologia para produzir melhor o que essas pessoas já tinham em suas regiões, estimulando também o espírito empreendedor de cada um”, explicou Gustavo.
Com duração prevista de 15 meses, o projeto teve em seu escopo o atendimento a famílias mapeadas em nove comunidades e assentamentos rurais dos municípios de João Câmara e Parazinho, somando 154 famílias contempladas. Houve capacitação de homens, mulheres e jovens, no que tange o fortalecimento da prática no campo, com tópicos como produção orgânica, manejo de pragas e plantas medicinais, além de consultoria e capacitações em gestão e comercialização e acesso a crédito, visando o aumento da renda e empoderamento do produtor rural.
O conhecimento aliado a técnica tornou também possível a construção de equipamentos de tecnologia social sustentável que impulsionaram a produção desses núcleos, como bombeamento de água com energia solar, kit fotovoltaico, fogão solar e lâmpadas artesanais de LED.
Outro viés interessante partiu da participação das mulheres nas capacitações e atividades do programa, mostrando que o paradigma de “dona de casa” ficou para trás para as novas empreendedoras, comerciantes, agricultoras e provedoras do seu lar. “Valorizamos muito o empoderamento feminino no sistema de produção. Identificamos as atividades que estavam sendo realizadas e líderes que pudessem passar a ser gestoras dessas práticas”, resumiu o diretor.
Quanto aos resultados, a pesquisa final para avaliação do projeto confirmou o engajamento das mulheres, com 61% de participação delas em João Câmara, e 68% em Parazinho, representando essa questão feminina. Os números também apontam que as rendas médias familiares dos produtores rurais foram incrementadas na ordem de 13% daqueles localizados nas comunidades de João Câmara e de 28% dos localizados em Parazinho.
Outro legado é fortalecimento do associativismo, que aproxima os beneficiados para que possam dar continuidade às ações do projeto quando as consultorias cessarem. Os números obtidos através do levantamento demonstraram que o objetivo foi alcançado, pois em Parazinho, 75% dos contemplados fazem parte hoje de alguma entidade da classe, sendo de sindicato e associações. Já entre os beneficiários de João Câmara, esse número vai para 82%.
Ao todo, o Agricultura Familiar rendeu grandes números e benefícios: 548 participantes em oficinas e assessorias; 134 tecnologias implantadas; mais de 9 mil horas técnicas dedicadas no mês; 5300 KWh/mês em produção de energia fotovoltaica e um montante de R$ 2,2 milhões investidos.
Fonte: Agencia Canal Energia.