Laboratório de Pesquisas e Ensaios em Smart Grids está em fase de implantação na Unidade Adrianópolis (RJ), enquanto que o de Sistemas Fotovoltaicos opera há mais de 15 anos na Unidade Fundão
A pesquisadora do Departamento de Materiais, Eficiência Energética e Geração Complementar (DME) Marta Olivieri, integrante da Comissão Técnica de Equipamentos para Sistemas Fotovoltaicos coordenada pelo Inmetro, explicou que a etiquetagem para que um equipamento de até 10 kW seja comercializado no país é obrigatória e que para obtenção da etiqueta, o mesmo deve passar por ensaios normatizados. “A questão é que são poucos os laboratórios no Brasil que realizam esses ensaios, criando um gargalo em um cenário de crescimento da fonte e da microgeração distribuída no país”, comentou.
Para se ter uma ideia, conforme estudo realizado pela empresa de pesquisa e consultoria especializada Greener, o volume de negócios relacionados a energia solar no Brasil alcançou, em 2018, cerca de 1 GWp, com um faturamento estimado da ordem de R$ 4 bilhões. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), no segmento de micro e minigeração distribuída, a estimativa para 2019 é de que a potência instalada seja o dobro em relação ao ano passado, quando foi de 414 MW.
Os pesquisadores Wagner Duboc, do Departamento de Laboratórios de Adrianópolis (DLA), e Oscar Solano, do Departamento de Tecnologias de Distribuição, responsáveis pela implementação do Laboratório de Pesquisas e Ensaios em Smart Grids afirmaram que os dois centros estão se estruturando para apoiar o Inmetro e o mercado no setor de equipamentos fotovoltaicos até 200 kW, “uma capacidade que poucos laboratórios devem apresentar.” Mas para eles, o mais importante é garantir a qualidade dos equipamentos que serão instalados nos sistemas. Os laboratórios terão condições para ensaiar controladores, inversores on-grid (com e sem baterias), inversores off-grid e módulos fotovoltaicos, em sua maioria importados. Em 2018, segundo levantamento da Greener, menos de 7% destes equipamentos foram fabricados no Brasil.
A seleção pelo Inmetro baseou-se em critérios de status de acreditação, instalações físicas, equipamentos, quadro de pessoal, foco em ensaios, sistema da qualidade e boas práticas. De acordo com o instituto, a designação será concedida por 24 meses e estará condicionada ao atendimento dos requisitos indicados no termo de compromisso, bem como às recomendações de adequação que eventualmente forem feitas aos laboratórios. A previsão é de que os ensaios em módulos fotovoltaicos comecem a ser realizados no Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos no segundo semestre deste ano, e que os ensaios em inversores e conversores tenham início no de Smart Grids em 2020.
Os laboratórios do Centro também participarão do Programa de Proficiência do Inmetro. Como explica Nilço Mauro Moura, da Área da Qualidade do Cepel, este programa é composto por Ensaios de Proficiência (EP), ou seja, estudos interlaboratoriais, nos quais se comparam os resultados dos ensaios de um laboratório com aqueles produzidos por outros laboratórios.
“São ensaios utilizados como ferramentas de avaliação externa e demonstração da confiabilidade dos resultados analíticos laboratoriais, servindo ainda para identificar falhas e possibilitar melhorias, sendo um dos itens necessários para que sejam obtidas a designação e posterior acreditação pela Norma ABNT NBR ISO/IEC 17025”, explicou Nilço.